Depois do último post comentando sobre o fluxo de dados até a tomada de decisão, gostaria agora de focar e explorar a última etapa deste fluxo: a entrega da informação sobre biodiversidade. E, para fins didáticos, vou usar como analogia um restaurante.
Vamos considerar que existem pessoas “famintas” por informação de qualidade sobre biodiversidade, e chamaremos estas pessoas de “tomadores de decisão“. Vamos considerar também que elas vão ao restaurante para consumir os pratos oferecidos no cardápio (ou não!), que reconhecemos aqui como “informação“.
O restaurante em questão necessita de duas “coisas” para servir seus clientes: capacidade e competência. Vamos esmiuçar essas capacidades e competências.
Uma competência importante é a de se comunicar com seus clientes. O “Maître” representa essa competência nesta analogia pois é ele que faz a interface com os clientes, entende suas preferências e necessidades e comunica à cozinha.
Conhecedor das capacidades e competências do restaurante, o Maître também faz sugestões que possam atender a demanda dos comensais. Seu papel fundamental é estabelecer uma comunicação eficiente entre o cliente e a cozinha, e fazer o cliente feliz!
Para preparar um prato, seja ele qual for, o restaurante necessita de ingredientes. Vamos considerar que os “ingredientes” de qualquer informação são os “dados”.
Os ingredientes que o restaurante tem em sua despensa definem, fundamentalmente, a sua capacidade em atender os clientes adequadamente. Em outras palavras, se só há “Miojo” na despensa, há pouco que o chef possa fazer, por mais criativo e competente que seja.
Outro fator limitante no atendimento à demanda dos clientes é a cozinha em si. Vamos chamá-la aqui de “infraestrutura“.
Creio que fica claro ao leitor perceber que, da mesma forma, os equipamentos e instalações da cozinha também definem a capacidade do restaurante em atender as demandas de seus clientes. Um restaurante que tem apenas uma frigideira e uma “boca” de fogão está seriamente limitado, independente do que há na despensa.
Entretanto, não importa o tamanho e variedade da sua despensa nem o quão equipada é sua cozinha se você não tem pessoas que sabem o que fazer com tudo isso.
Vamos imaginar que um cliente pede um simples “omelete”. Você tem uma frigideira, você tem ovos, sal e manteiga. Mas ninguém na sua cozinha sabe fazer omelete.
Quanto mais multidisciplinar for sua equipe, maior a capacidade do seu restaurante em oferecer diferentes pratos e, especialmente, atender os pedidos mais “peculiares”, dos clientes mais diversos.
Este conjunto de capacidades e competências são profundamente relacionados e devem ser bem balanceados, sob pena de se sub-utilizar as capacidades e competências, limitando o atendimento da demanda.
Por fim, o que gosto de chamar de “contexto”. O “toque final”!
A apresentação do prato (informação) tem um papel fundamental na percepção do cliente. Um conjunto de “infográficos” ou um “dashboard” contendo as informações importantes e necessárias para tomada de decisão são bem mais “palatáveis” que planilhas e listagens.
Finalmente, acho que fica claro para todos que, em última análise, o “prato” que você entrega ao seu faminto cliente é um indicador das suas capacidades e competências.
Creio que a mensagem que fica clara aqui é a da inter-relação entre estes três pilares fundamentais para produzir informação relevante sobre biodiversidade: Uma equipe competente e multidisciplinar, um conjunto de dados de alta qualidade e uma infraestrutura robusta.
Em escala institucional, ou mesmo nacional, é importante perceber que não é o bastante consolidar a existência destes três elementos. É necessário também buscar um balanço entre estes três elementos intrinsecamente inter-relacionados.
Comentários são sempre bem vindos!
[cite]